quinta-feira, 23 de abril de 2015

AS MORTES DOS EDUARDOS

No dia 2 de Abril, foi brutalmente assassinato pela polícia o menino Eduardo de Jesus. Onze dias depois, morre um outro Eduardo, o Galeano. O dia 1 de Abril marca o aniversário do golpe que instaurou a ditadura no Brasil, que abriu caminho para outras iguais dilatarem as veias da América Latina: as ditaduras dos militares e empresários perseguiu de país em país o Galeano; a herança mais bem acabada desta ditadura, a PM, matou o menino de Jesus com uma bala na cabeça.
Nesse mundo de pernas pro ar, a escola do mundo as avessas, ensina que "são pobres a maioria das crianças do mundo e a maioria dos pobres do mundo são crianças" e que desde cedo aprendem "que o deus é o dinheiro, o shopping seu templo". Mais descartáveis que os produtos, são as pessoas, afinal "as coisas são donas dos donos das coisas e eu não encontro minha cara no espelho."
"Mas fomos feitos de luz, além de carbono e oxigênio e merda e morte e outras coisas", como andam as palavras. Galeno morreu e sobreviveu muitas vezes, naqueles dias e noites de amor e de guerra, para contar as histórias dos meninos de Jesus que morrem uma vez as centenas a cada dia. Outros Eduardos virão: "Este mundo de merda está grávido. Existe outro mundo diferente na barriga deste. Um mundo diferente. Não será um parto fácil. Mas com certeza pulsa nesse mundo em que estamos."
Diante da morte e das mortes, parece distante ser Galeano ou ser menino, ser velho escritor ou ser de Jesus, utópico ou criança, mas é só questão de um olhar "enfim estamos aqui desde que a beleza do universo precisou de alguém que a visse"