domingo, 14 de setembro de 2014

"Mémorias de um anarquista japonês"

De Osugi Sakae

" Ao passarmos diante do portão principal da região de Yoshiwara, nos deparamos com a movimentação de uma multidão. Um homem, que parecia ser um trabalhador, havia bebido demais e disseram que havia quebrado uma janela de vidro de um bar. Alguém estava exigindo que a patrulha do bairro ou a polícia levassem e o prendessem até que ele pagasse pelo estrago. O homem, que parecia arrasado, gaguejava, tentado desesperadamente pedir desculpas.
Vendo isso, eu intervim. Levei o homem alguns passos para o lado, ouvi suas explicações e depois dirigi-me aos outros que estavam ali reunidos.
'Este homem não tem um centavo com ele no momento. Eu pagarei pelo prejuízo. E isso deve encerrar o assunto. Não é nada bom sair chamando a polícia toda vez que algo acontece. Sempre que possível não deveríamos chamar as autoridades. A maior parte das questões pode ser resolvida desta forma pelas pessoas que estão no local.'
As pessoas do bar concordaram com aquilo. A patrulha do bairro também concordou. Os curiosos também. A única pessoa que não havia concordado era o policial. Ele ficou me olhando fixamente com uma expressão de desagrado e começou a desafiar:
- O que o cavalheiro está falando é socialismo não é?"





(...)

"Eu gosto do espírito. Seja como for, geralmente detesto quando o espírito é transformado em teoria. Detesto porque nessa passagem para a teoria, ele frequentemente se torna servil, um colaborador em harmonia com a realidade social presente. Por isso é uma fraude...
Eu odeio o que os cientistas políticos e filósofos do direito chamam democracia e humanismo. Fico doentes só de ouvi-los. Eu odeio o socialismo também. E, pela mesma razão, eu odeio um pouco o anarquismo. O que eu mais gosto é a ação cega da humanidade: a explosão do espírito"


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"Eu gosto do espírito. Seja como for, geralmente detesto quando o espírito é transformado em teoria. Detesto porque nessa passagem para a teoria, ele frequentemente se torna servil, um colaborador em harmonia com a realidade social presente. Por isso é uma fraude...
Eu odeio o que os cientistas políticos e filósofos do direito chamam democracia e humanismo. Fico doentes só de ouvi-los. Eu odeio o socialismo também. E, pela mesma razão, eu odeio um pouco o anarquismo. O que eu mais gosto é a ação cega da humanidade: a explosão do espírito"